A AIAMU lamenta profundamente o falecimento de seu ex-presidente, José Anerom Fagundes Gomes, ocorrida em 30 de janeiro último, aos 93 anos. Deixa a esposa, Mary de Souza Gomes, filhos biológicos e adotivos, netos e bisnetos.
Anerom, como gostava de ser chamado, presidiu a Associação de 1979 a 1981. Começou a atuação no serviço público em 1962, então como Inspetor Fiscal. Formado em Ciências Econômicas (UFRGS, 1955) e Ciências Jurídicas e Sociais (PUC, 1974), era muito culto e sempre dedicado aos estudos.
De postura humilde, olhava a vida pelo lado positivo. Anerom era muito querido por todos, principalmente entre os aposentados que conviveram por bastante tempo com ele. Gentil no trato com as pessoas, mas firme e muito atuante nas demandas da AIAMU.
Além da atividade profissional, gostava de uma boa cozinha, tendo, inclusive, escrito o livro “Tempero do Vô Anerom e sua parcial autobiografia – Aprenda a temperar pratos alimentícios mais saborosos misturando substâncias aromáticas”. Outra obra de Anerom foi um quadro pintado por ele, que retrata a antiga sede social da AIAMU no bairro Belém Velho, em Porto Alegre.
Mas, quem vê essa parte da vida de Anerom e Mary acha que tudo foi um sonho. Ambos enfrentaram muitas dificuldades, principalmente as provocados por racismo. Apenas para ficar em alguns exemplos, na década de 1940 ela não foi aceita em um colégio de Porto Alegre por ser negra. Ele venceu um concurso de redação na escola em que estudava, mas foi “silenciosamente desclassificado”. Mais tarde, um dirigente da instituição admitiu a fraude porque se um branco não vencesse a escola perderia muitos alunos.
Nem barreiras repugnantes como essas tiraram o sorriso e a alegria de Anerom e Mary, que foram casados por 65 anos, para encarar com amor e serenidade os desafios da vida.
O presidente da AIAMU, Johnny Bertoletti Racic, observa que pessoas assim não vêm ao mundo por acaso. “Vêm para nos ensinar, nos deixar um legado de esperança, ao qual devemos seguir atentamente para transformar os ambientes em que vivemos em lugares melhores. O nosso querido colega José Anerom deixa muita saudade.”
